Uma das coisas que ficaram bem claras pra mim durante toda a gravidez é o conceito definitivo de que não temos - ou podemos ter - controle sobre a vida.
Por mais querida e desejada que seja, a gravidez traz uma série de consequências físicas e psicológicas que nos deixa a mercê do "novo". E quer saber, isso é muito bom! Chega de agenda, vida programada, horários divididos: vamos viver cada evento de uma vez!
E com o nascimento do Miguel foi assim. Com 36 semanas, em plena véspera de feriado de 1º de maio, quando terminei os relatórios do trabalho, sozinha em casa, a bolsa resolve estourar.
Durante esse dia, já estava desconfiada, pois logo pela manhã saiu na calcinha um líquido rosinha claro, depois passou para o corrimento marrom, mais nada de cólicas ou contrações. Liguei para o obstetra que pediu para que eu ficasse em total repouso e observasse. Fiz isso ao longo do dia, mas estava bem tranquila. No final do dia, após uma longa reunião via skype para repasse das minhas atividades para outro colega, de ter corrigido todas as atividades dos alunos no MBA e de ter finalizado a planilha de avaliação da atividade de tutoria em outra empresa, simplesmente fiz um - UFA! Tô livre, agora é esperar o Miguel nascer.
Levantei da cama e fui ao banheiro com uma leve sensação de diarreia. Bom, já sabia que não deveria fazer nenhum tipo de força, mas foi só eu me sentar no vaso sanitário que - Ploft! A bolsa estourou e eu comecei a tremer de medo e emoção: - agora vai!
Liguei para o meu obstetra e depois para o meu marido. Enquanto isso, tomei banho com as pernas bambas, escolhi uma roupa e fiquei super insegura em fazer qualquer tipo de movimento com medo de que desencadeasse as contrações. Um misto de medo e coragem.
A bolsa estourou às 20:30, porém as contrações começaram às 21:30, o horário em que o meu marido chegou em casa. Foi muito rápido, o que era de mais ou menos de 10 em 10 minutos, passou a ser de 4 em 4 e quando cheguei na maternidade, já estava de 3 em 3 minutos.
A dor estava aumentando, mas eu segurei bem a onda na recepção da maternidade, tentei controlar a respiração, e fui conversando pelo celular com o obstetra que já estava chegando. Porém, quando chegou o momento do exame de toque, a dor já era nível 100, parecia que meu quadril ia estourar, não conseguia ficar com as costas na maca. Quando a enfermeira mediu, já estava com 5 cm de dilatação. Fiquei feliz! E sentia que o Miguel estava cada vez mais baixo.
Agora a busca era por uma sala para parto prematuro. Me levaram para uma sala provisória e o anestesista chegou. Você não sabe o que é felicidade até encontrar com esse tipo de profissional. Ele veio, me acalmou e foi atrás de uma sala. Em 10 minutos o obstetra chegou, a sala estava pronta e lá fui eu pra sala de parto.
Contrações fortes, 8 cm de dilatação e anestesia. Foi tudo muito rápido. Após a anestesia, senti a minha pressão cair e fiquei sem forças, o anestesista reverteu e pude ajudar na expulsão do Miguel. O procedimento na sala de parto não deve ter durado uma hora.
Quando o médico colocou o Miguel no meu colo, não sabia o que fazer: são sensações indescritíveis.
Ele não chorou, somente chorou quando foi pego pela neonatologista. Quando ele veio novamente para parto de mim, ele ficou calminho...só amor pra explicar esse vínculo.
Ele nasceu super bem de parto normal, com 2,700, e não precisou da UTI neonatal! Dureza foi ficar na sala de recuperação de anestesia por cerca de 2 horas sem saber noticiais do Miguel e do marido.
Voltando para o quarto, bem mais tarde, o Miguel veio ficar conosco. Uma delícia! Momento de ver cada pedacinho desse "trocinho". E pra explicar, é só imaginar os meus olhos marejados. É especial e você saberá disso quando vivenciar esses momentos.
Tem muitos outros aspectos do parto que vou detalhar, esse é apenas o primeiro relato geral.
Fica a dica,
Bjos,
Rô
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