A gente sempre acha que tem todas as soluções e respostas para os problemas alheios, não é verdade?
Tenho tentado ser menos crítica e, diversas vezes, já engoli as minhas opiniões em prol da opinião de outras pessoas porque ninguém precisa ser o dono da razão.
A vida tem tantas razões, cada pessoa tem as suas razões...pra quê discutir?
E segurando a língua tive resultados muito bons, e isso tem me feito pensar bastante sobre o que devo ou não falar. Não acho que as pessoas devam saber sempre a minha opinão sobre as coisas porque, sinceramente, a minha opinião não é tão importante assim.
Recentemente, uma amiga tem me procurado para desabafar e, cada vez mais, tenho evitado prolongar as nossas conversas, não porque não goste dela, mas fico com medo de expor a minha opinião.
Durante muitos anos de casada, ela foi feliz sendo a "dona de casa". O marido trabalhava e ela cuidava do lar. Só que um belo dia ela resolveu fazer um curso de especialização, foi lá que nos conhecemos, e ela decidiu que iria ingressar, aos 36 anos, no mercado de trabalho. Achei super bacana ela querer trabalhar, até porque não entra na minha cabeça que uma pessoas formada prefira ficar em casa ao invés de exercer a sua profissão (olha eu já julgando...). Daí terminamos o cursos e ela não conseguia nenhum trabalho na área, apesar de ser muito dedicada. Eu mesma a indiquei para diversas vagas, mas quando chegava no quesito experiência, ela batia na trave.
Hoje, ela tá com 40 anos e desesperada por trabalho. Na verdade, nessas guinadas que a vida nos reserva, o marido dela perdeu o excelente emprego que tinha, teve que se reinventar, e hoje está atuando em uma area menor, ganhando menos e lidando com todas as frustrações que a situação favorece. E claro, quando o dinheiro vai acabando, as relações vão se tornado mais tensas (isso eu sei porque me lembro muito bem a época em que meu pai faliu). Assim, ela precisa trabalhar para ajudar nas despesas e também para tentar recuperar o tempo em que ela preferiu "dondocar" ao invés de trabalhar. Só que a vida não espera o nosso timing, e o desespero não faz com que o tempo volte ou que as pessoas acreditem hoje no potencial dela. Daí é uma choradeira, lamentações, crise no casamento, o marido agora quer filho, ela não quer filho...
Minha vontade é falar que somos consequencias de nossas escolhas, e se hoje ela não tem experiência para atuar no mercado de trabalho foi porque ela não priorizou isso lá atrás. A culpa não é do mundo cruel! Ela tem que ir atrás de qualquer oportunidade de trabalho, mesmo que seja uma atividade de estagiário, porque ela precisa ter experiência, e experiência não vem junto com o diploma e com a idade, e sim, com o convívio no trabalho.
Ela se sente tão fragilizada que, no meio de um processo seletivo, o recrutador achou que ela poderia concorrer também a uma outra vaga mais desafiadora, e o que ela fez?
Tremeu na base, disse que não estava preparada e que iria decepcioná-los. Resultado: não foi chamada para nenhuma das duas vagas.
Ela poderia ter dito: Agradeço a oportunidade e estou disposta a me dedicar para a vaga em questão. O que não souber, vou correr atrás. Mas pode ter certeza que darei o meu melhor.
Se a gente não acredita, ninguém vai acreditar. E isso não é uma frase de autoajuda, e sim a realidade.
Por isso, prefiro me esquivar do que falar a verdade, pois acho que ela não está pronta para assumir a própria culpa e virar o jogo. As minhas palavras serão prejudiciais e ela ficará mais deprimida.
Assim, se não posso ajudar, é melhor não atrapalhar né?
Julgar a gente pode julgar, agora externar o julgamento é uma outra história...
Bjo,
Rô
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