terça-feira, 24 de junho de 2014

As cinzas de uma saudade eterna


Estou vivendo o luto pela perda do meu pai. Momento difícil! Dói mesmo, é dor física: aperto no peito, pontadas...E a dor emocional nem se fala...me sinto sufocar, sem forças...

Desapegar foi a palavra da última semana que passou, e não tem relação com o que foi, e é, o meu pai pra mim. O desapego veio das cinzas que sobraram da cremação. A ideia de cremá-lo foi minha. Não queria ver o meu pai em um cemitério, preso, abafado, degradando com o tempo.  Não queria ter que visitá-lo em um lugar cheio de tristezas. Meu pai era um homem livre, alegre, cheio de vida e ideias. Essa era a sua essência!

Hoje as cinzas dele repousam nas águas da praia de Itapoan, e toda vez que olhar para o mar, vou lembrar que o meu pai faz parte dele e, por essa razão, o mar será muito mais bonito, forte e amado.

Quando me despedi do meu pai no velório, tocando aquele corpo frio, falando com ele como se ele estivesse ouvindo, de alguma forma sabia que alí não estava mais o meu pai. Era apenas um corpo, que sem a energia e o calor dele, simplesmente não era "ele". 

Infelizmente, não pude me despedir dele, cheguei no hospital nos últimos minutos de vida dele, ví um corpo enfraquecido, quase sem vida. E desejei que ele fosse, que descansasse daquela batalha pela vida.

Entendi que ele precisava partir, pois estava difícil viver da forma como ele estava vivendo. Disse um "vai em paz", com a voz embargada e o coração em pedaços. Apesar dele estar sofrendo, como filha, queria ficar mais um pouco com ele, saber que ele estava lá. Sou filha, tenho o direito de ser egoísta e querer um pouco mais de pai. Afinal, ele esteve na minha vida por 36 anos, não sabia como era a vida sem ele.









Um punhado de sal



Um punhado de sal

"O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse.

- Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.

- Ruim. - disse o jovem sem pensar duas vezes.

O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse junto com ele ao lago. Os dois caminharam em silêncio, e quando chegaram lá o mestre mandou que o jovem jogasse o sal no lago. O jovem então fez como o mestre disse.

Logo após o velho disse:

- Beba um pouco dessa água.

O jovem assim o fez e enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:

- Qual é o gosto?

- Bom! - o jovem disse sem pestanejar.

- Você sente o gosto do sal? - perguntou o Mestre.

- Não. - disse o jovem.

O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:

- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem em detrimento ao que ao que você perdeu. Em outras palavras: É deixar de ser copo, para tornar-se um Lago."